Quinta-feira, 5 de Julho de 2007
Fã
Vestido de preto, com uma t-shirt dos Interpol, Bruno Oliveira, de Odivelas, não esconde ao que vem. "Sim, estou cá só por eles", assegura-nos. "O bilhete é muito caro para quem, como eu, quer ver apenas uma banda. Nem estou nada interessado nos Scissor Sisters (que acabam de sair de cena)", apressa-se a dizer. Com todos os cd's do grupo nova-iorquino em casa, a expectativa de Bruno Oliveira reside na actuação da banda ao vivo, a primeira em Portugal.
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PalcoJá não há dúvidas. Esta é a noite mais concorrida do 2. Acto do Super Rock. Os Scissor Sisters invadem o festival com a sua música heterogénea. Pop, dance e disco e uma imensa atitude em cima do palco tiram o público do chão. Quase todo! Porque junto à zona dos WC, o catalão Raviz tenta a custo entender duas portuguesas que acabou de conhecer. Veio de Barcelona para passar férias em Portugal e aproveitou a viagem para vir ao SBSR. Mas do que está a gostar mesmo é "das chicas portuguesas", diz ao JN.
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Público
Tenho de estar em "bico de pés" para ver os concertos, lamenta João Serrasqueiro. Este estudante, de 18 anos, de Castelo Branco, lamenta que o terreno do SBSR não seja inclinado "como, por exemplo, o de Paredes de Coura. O pessoal lá atrás não vê nada. Temos de estar aos saltinhos", assegura. João crítica também a ausência de pulseiras identificadoras neste festival. "Entrámos com o bilhete e já não podemos sair do recinto", acusa este fã de Bloc Party e Interpol, que veio ao SBSR acompanhado por amigos de Paço de Arcos e Oeiras.
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Tenda
Marta Simões é a primeira da fila. Sentados no stand da Antena 3 do SBSR estão os norte-americanos dos Scissor Sisters, uma das bandas mais aguardadas neste último dia de festival. De agenda preta na mão, Marta Simões, de Odivelas, recebe, aos 17 anos, o seu primeiro autógrafo. "Por acaso nunca pedi um", diz ao JN, enquanto desfolheia as folhas onde "aponta e desenha" os momentos da sua vida. Já com a assinatura na agenda, segue para a frente do palco onde os TV on the Radio conquistam a plateia, já a rondar as 15 mil pessoas.
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SimpatiaA única palavra que conheço em português é "bunda", informa a simpática vocalista dos The Gossip, enquanto bate com a mão nas nádegas, para que ninguém no público fique com dúvidas. Interactiva, a "volumosa" Beth Ditto transpira energia em palco. Agradece, com um arrastado "obrigado", os aplausos após quase cada tema que interpreta. Se no SBSR houvesse prémio simpatia, este seria para entregar aos The Gossip.
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Merchandising
"O pessoal está a comprar bem! Só estamos a vender praticamente t-shirts dos Interpol", berra Francisco Costa, da tenda oficial de merchandising do SBSR, enquanto os portugueses X-wife rasgam o seu punk-rock no palco. "Pena foi os Arcade Fire não terem trazido t-shirts para comercializar", recorda Francisco. "Havia muita procura". Como se pode ver na foto, as t-shirts oficiais dos Interpol custam 25 euros. Na concorrência, umas tendas mais abaixo", vendem-se a 10.
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PalcoCristas pretas, cristas amareladas, muitos braços tatuados, ornamentados com um número razoável de pulseiras prateadas, algumas com "picos". A "tribo" chegou ao Parque Tejo, que esta quinta-feira deverá ter um dos seus melhores dias de afluência. Adivinha-se. Aliás a actuação dos portugueses Micro Audio Waves foi já brindada com uma razoável assistência. Merecida, diga-se. Esta banda portuguesa, com Claúdia Efe na voz, vai-se afirmando como um grupo a ter em conta no panorama da música nacional.
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Amigos
Terão sido os espectadores com mais idade do SBSR? Diamantino Direito tem 71 anos e foi dispensado do trabalho para vir ao Parque Tejo "dar uma força" a Herlander Sargento, vocalista da banda Gentlman Strip Club. Filipe Pereira, quase nos 60, seguiu os passos do seu colega dos cinemas da Lusomundo. "Mas daqui a pouco vamos embora, os cinemas não páram", brinca Diamantino, confessando que gosta "é de música dos anos 70. Isto é muito barulho. Mas o rapaz (Herlander) é nosso colega e merece o apoio", diz convicto.
Quanto aos Gentlman Strip Club (na foto), grupo oriundo de Loures, tiveram os seus 15 minutos de fama no SBSR, que, a esta hora, não deverá ter no recinto mais de três centenas de pessoas. Muito menos de metade, terá assistido à actuação do angolano Anselmo Ralph.
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EspaçoUm festival de música urbano tem sempre um ar desolador antes do início da maratona de concertos. A localização geográfica de um evento destas características marca a diferença no ambiente que se respira. Um piso de cimento, por exemplo, como este do SBSR, pode ser mais "clean", mas um bom relvado é bem mais reconfortante e agradável para assistir aos concertos. "Prefiro um festival no 'campo'", disse-nos, a propósito, Luís Alípio, que está no SBSR, mas com o pensamento já no Sudoeste, que se realiza no próximo mês, na Zambujeira do Mar. "Aqui a praia é longe, o convívio resume-se à noite e faltam as tendas". Com centenas de jovens acampados no Estádio do Sacavenense, a poucos quilómetros do Parque Tejo, muitos festivaleiros "matam" as horas no centro comercial do Parque das Nações.
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Palco
A versatilidade dos LCD Sound System encerrou a noite com menos assistência da edição deste ano do SBSR. O estilo "disco" com motivos"rock", a fazer lembrar os Talking Heads ou até New Order, aqueceu o público nesta noite de temperatura desagradável. Motivos acrescidos para que os espectadores se desdobrassem numa dança apetecida pelo ritmo imposto pelos LCD e quase obrigatória devido ao frio. Quem não ficou a assistir à actuação do produtor James Murphy foram os Jesus and Mary Chain que, conforme assistiu o JN, abandonou do recinto finda a sua actuação e seguiu rumo a uma unidade hoteleira de Lisboa. Para hoje, último dia do SBSR 2007, as expectativas estão voltadas sobretudo para os Interpol e Underworld. Os primeiros mais na linha do rock alternativo, os segundos mais electrónicos.
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(...) Uma música enorme, uma música sublime - a música dos Arcade Fire.
Veja
aqui a análise, publicada na edição impressa do
JN desta quinta-feira, à actuação da banda no SBSR.
Palco
Após os frenéticos e imparáveis Maximo Park, um surpreendente momento neste 2º Acto do SBSR, o "feedback" dos Jesus and Mary Chain ecou no Tejo. A postura semi-estática dos irmãos escoceses Jim e Will Reid constrastou com as melodias insipiradas no rock dos anos 60. Os Jesus and Mary Chain, que se reuniram de novo em Abril deste ano, no festival Coachella, nos EUA, tocaram temas que fizeram história na década de 80. O público, algum "menos jovem", acompanhou a actuação com pouco entusiasmo. Mais uma banda que fez um esforço para regressar do passado.
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